quarta-feira, junho 25, 2014

Hoje

Ora viva

Hoje vi a D. Maria, nos seus 90 anos, sair de casa e olhar para a praia. Uma necessidade de quem tem uma vida inteira naquela rua, naquela casa, naquele sítio virado para o mar. Esta concentrada na sua observação, atenta aos pormenores de uma praia que em pouco mudou. Estaria a respirar profundamente. Os olhos enchiam-se da serenidade do fim de tarde.

A vida é mesmo assim. Os sítios que amamos, a casa, a nossa rua, e enchermo-nos com o que nos faz bem. Num fim do dia, são vários os atentados à nossa convicta serenidade, precisamos de lutar contra o vazio que nos querem meter. A nossa vidas será sempre nossa, por muito que nos tentem tirar. À D. Maria ninguém lhe roubou o mar nem a enorme vontade de o ver. Assim nos inspiremos.

Abraço

terça-feira, junho 10, 2014

O meu frigorífico

Ora Viva

Esta semana avariou-se o frigorífico. Já vos deve ter acontecido. Imaginam as consequências. Pois eu fazia uma vaga ideia do transtorno, mas nunca pensei em tanta confusão. Uma simples avaria mudou toda a minha rotina, e por muito que não goste de rotinas, há algumas que me sabem bem. Um frigorífico fez o que muitas pessoas tentaram fazer e não conseguiram: mudar-me hábitos. Tudo por que eu não tinha onde guardar frescos.

 A vida é assim, não um frigorífico, mas uma roda cheia de itinerâncias que sucedem pelos motivos mais inesperados. E quando damos por nós, mudamos. Deixamos de fazer como fazíamos, ou já não fazemos de todo. Mudar por fora, pode resultar em mudar por dentro, ou um movimento contrário. Mudar, simplesmente.


O meu frigorífico fez-me mudar. Não sei se as mudanças se vão manter, agora que ele voltou do sítio onde nasce o frio, mas pensei na mudança, na alteração de padrão, de hábitos. Questionei porquê assim, e não de outra forma. No fundo fez-me bem a tua ausência, meu simples frigorífico!

Abraço