sexta-feira, agosto 31, 2018

Sobre portas e telhados

                  Alentejo.2018.HR

Ora viva


Uma porta é um inegável banquete de possibilidades. Uma porta no telhado coloca-nos ainda mais perto dos lugares altos e possíveis.

Tenho um fascínio por as fotografar. Portas e janelas. Imaginar quem vive nelas. Nas casas que mais não são que gente vestida de cal e sítios permanentes.

O primeiro poema que escrevi foi sobre uma janela. Um entendedor metido no seu conhecimento achou-o mediano e sem tema. Nunca mais parei de escrever. Nunca mais parou o meu fascínio pelas geometrias que se desenham nas casas, que deixam ver a forma da luz, mas que podiam bem se desenhar nos nossos corpos.

Até já.

HR


quarta-feira, agosto 29, 2018

Preciso de asas que me levem para longe de mim.

HR

Observar. Não há melhor verbo para acompanhar a beleza e a sabedoria. Esta flor nasceu me em casa. De um cato que não é para brincadeiras. Longe de o saber sensível na cor. Hoje encontrei o assim... despido de vergonha e abusado na cor. Não reparei entre uma selva que crio na varanda. Escapou me.

Por isso... observar. Não há melhor forma de conhecer um bom ou mau ouvinte. Um amante da estética. Um bajulador. Um lambe botas e um ardiloso. Um cato de uma flor... ou os dois em um. Observem... 5 minutos. Quando era novo... sim... 43 já me dão velhice. Diziam me: a forma como olhas até magoa... parece que estás escavar.

E estou. Sempre a escavar para perceber. Escavar com os olhos... para se chegar ao lugar onde tudo nasce. E mesmo assim escapou se me este cato em flor.

Fotografei o. Para guardar  a sua beleza e a minha distração.

Experimentem.

Até.

terça-feira, agosto 28, 2018

Senta-te naquele banco daquele mesmo jardim
O jardim que sempre pensas
Quando pensas num jardim
Arruma-te no teu lugar
Observa o tempo passar por ti
Dentro de ti
Por fora de ti
Ao teu lado
É para tudo isto que serve um banco
Um jardim
E toda a imaginação que tens de ti
E das horas da tua vida
Observa-te
Como se fosse agora o teu princípio
Nesse mesmo jardim
Nesse mesmo banco
HR

segunda-feira, agosto 27, 2018

Ora Viva


Hoje arranquei ervas de alguns vasos da minha varanda. Arranquei-as como se arrancasse as mesmas da minha vida. Folha e raiz, para não lhes deixar fôlego para renascerem. Semeia-se para se colher e arrancam-se ervas para se plantar em terra limpa.

Quando era muito garoto, e vivia num campo que era perto da praia, passava os dias descalço, havia sapatos, mas não existia melhor sensação do que a de sentir o sítio onde se planta na palma do pé, na raiz do meu corpo. Tudo, mas tudo faz mais sentido quando mais velhos e com a nobre capacidade de eliminar as daninhas da vida, nem que se comece por um vaso.

até já

HR

domingo, agosto 26, 2018

Agarro na palavra
Como se fosse músculo e folhas
Seguro-a com os dentes
Vontade de comer
Trinco as letras e construo sentidos
Mastigo as frases
Engulo as verdades
Cuspo as mentiras
Sou um comedor de conversas cartas bilhetes e outros alimentos
Sobrevivo à custa da palavra
Da que é dita com os olhos e a pele
         HR 2018

sexta-feira, agosto 24, 2018

A REDE

Ora viva

Fiz contas, confesso-me mau contador, e gasto 55 minutos por dia nas redes sociais. Gastava. A rede furou. Já todos ouvimos e lemos sobre a intoxicação das redes, já há os detox da rede. Percebo. Não quero. Prefiro não usar.

Entras na rede e vais na faina, és robalo do facebook, sardinha do instagram, e usas um whatsup que te revela se a pessoa leu ou não, está online ou já esteve e por aí fora... Eu quero as cartas de volta, os selos de correio, as chamadas de telefone em vez dos emojis. Quero ouvir e escrever, quero conhecer a verdade de quem me fala e não a verdade que nos engana na rede que nos apanha.

Tudo bem para quem as usa. Permitam-me desligar. Até que não seja para sempre, mas que seja o tempo que o meu tempo quiser. Para estar feliz não o tenho de gritar ao mundo e nem quero esconder lágrimas em fotgrafias de arquivo onde naquele dia estava de sorriso posto

Preciso de paz, compromisso, perceber a verdade, sem grandes fotografias, e que quase sempre revelam o oposto do estado. Quero a democracia do não querer as redes.

Para os que, simpaticamente me seguem, o mais fácil... é encontrar-me. Ainda recebo cartas na RTP... isso seria outra conversa!

Até.

Hélder