Um sítio onde se encontram palavras que encontraram outros sítios, pessoas e histórias.
quinta-feira, maio 26, 2022
O SILÊNCIO CALA
terça-feira, abril 12, 2022
A vida pela metade?
A vida não tem medidas para ser metade.
Ou é inteira ou não é nada.
Ou sofremos ou sorrimos.
Não podes sofrer e rir ao mesmo tempo.
Não podes viver a meio tempo e o outro meio morreres.
São poucos os que vivem mortos, mas ainda os há.
Ou morreram de amor, ou lhes mataram o amor. Neste caso, a vida pode ser metade.
O amor é o único apocalipse das metades permitidas.
Hélder Reis
segunda-feira, março 07, 2022
MORREU UMA PLANTA, NASCEU UM JARDIM
quinta-feira, fevereiro 03, 2022
UM DIA FELIZ...
O que é um dia feliz? É aquele em que ganhas, em que arrumas, ou até em que perdes? O que é? Como se faz de um dia, um dia feliz? As coisas esfumam-se, é como quando recebíamos os presentes de natal em criança, eram incríveis até tirar da caixa, depois... nada. Então, o que fica para um dia feliz?
Nos meus 40 anos, um dia feliz, era cheio de trabalho, planos, projetos, a correr, muito muito muito. Agora, quase nos meus 50, é o tempo que me faz feliz. Nem sempre, mas quase sempre. Ter tempo é o maior luxo que a vida nos pode dar. Porque se tens tempo, tens vida para o gozar, e com a vida vem tudo. Não precisa de ser muito, só precisa de vir com calma. Como um colchão de ar numa água transparente...
Até já.
Hélder
domingo, janeiro 30, 2022
DE QUE NOS VALE A SAUDADE
Se não vale a pena, não vale. A saudade ata-me ao que já não sou, não tenho, não estou. Principalmente a quem já não tenho. 2 anos sem mãe. Desde que me morreu, e que nunca perguntei porquê, só sinto que as mães nunca deveriam morrer. A ciência devia também conseguir uma vacina de permanência das mães junto de nós. A dizerem para vestirmos o casaco antes de sairmos, a saberem se já almoçamos, para onde vamos e que estamos muito magros. Caramba, que saudades de me perguntares o que fiz hoje, para onde vou amanhã, o que vou vestir. Saudades de me olhares em silêncio, a saberes dizer tudo em silêncio. Que saudades de ver os teus olhos pequenos, do tamanho do mundo e de estares sempre inquieta com as ondas do mar, do teu mar. Mãe, as tuas margaridas, da porta de entrada estão quase em flor, mãe, não à tua espera, porque já não vais entrar em casa, mas a dizer que nunca saíste dela.
2 anos é muito tempo sem ti e tão pouco para me curar da tua falta.
quinta-feira, janeiro 06, 2022
Dia de REIS...
Neste dia, o meu avô, que era negociante de vinho, ia ao Porto mandar fazer um novo fato, no alfaiate de sempre, escolher o seu chapéu de novo ano, e comprar tudo para a ceia de família, o bolo de frutas e o bacalhau. O meu avó era um homem de família, gostava da boa mesa, de vida confortável, do seu trabalho e da sua família, amava muito da sua família. Um avó de riso fácil e de rigor no coração e na palavra.
A noite era de reis, da família, ele tocaria na sua guitarra, a minha avó estaria aflita na cozinha, com tantos detalhes de dia solene, e no final todos jogavam às cartas e falavam, necessariamente, dos outros dias de reis, com saudades e gargalhadas à mistura, a quererem adivinhar o próximo ano.
Nunca conheci o meu avó materno, mas recebi tantas histórias da minha mãe que sinto que o conheci e com ele vivi estes dias de festa e família, quando tudo fazia um sentido diferente, ou até mesmo sentido, na totalidade da palavra.
Chamava-se Augusto Reis, o nome que eu gostaria de ter, ou que os meus filhos tivessem, um dia...
Bom ano. Bom dia de reis...
Até já.