segunda-feira, abril 27, 2015

OS OUTROS

ORA VIVA


Os problemas dos outros são sempre dos outros, ainda que amemos profundamente os outros antes dos seus problemas. É sempre um conflito entrar na história da outra pessoa. Não há um livro que registe a memória, as emoções, as estratégias. Não há um livro de estilo. Por mais que nos esforcemos a história nunca será a nossa. Honestamente, acho que não deve ser. A objetividade é sempre uma ferramenta para lidar com a crise.
Esta distância sobre os problemas que não são os nossos pode fazer de nós maus ouvintes, e até insensíveis para com a dor dos outros. Nunca percebemos bem o que é um dia complicado de um amigo se não vivemos o dia desse amigo. Fazemos uma ideia.
Nunca entenderemos a morte de um pai de um colega de trabalho porque não sabemos da dinâmica que havia entre ambos, e nem conhecemos o lugar mais secreto da afetividade que os unia ou desligava. Os outros serão sempre os outros e nunca nós, por muito amor que lhes tenhamos.

ABRAÇO

sexta-feira, abril 10, 2015

Laranjeiras em flor

Ora viva

Laranjeiras em flor é o melhor e maior sinal de verão, frescura, liberdade e sabor a vento. Uma ida ao nosso Alentejo ou Algarve, por esta ocasião, é dar o melhor mergulho na infância. As correrias pela rua, a bicicleta, as casas muito brancas, as escadas dos jogos sem fim. Tudo isto é, para mim, laranjeiras em flor. A par do aroma, que me fica na boca, a beleza da flor. Tão bonita como frágil, dura tão pouco e marca tanto. 

No fim do perfume e das flores, vem o fruto, que fresco recebe o verão. Uma laranja fresca no fim de um almoço de verão, entre amigos e abraços, é a melhor forma de celebrar a criação da cor, da amizade, da sede saciada, da memória de antigamente. Tanta coisa numa flor de laranjeira, que as grandes perfumarias bem tentam eternizar mas não conseguem, ninguém consegue pôr tanto num frasco. 

abraços