A roupa. É uma bela casca da pele. É um modo de comunicar. É um conforto. É um nada. É uma dor de cabeça.
Não sou de tendências, não sou de moda. Sou do conforto, essencialmente do sentir-me bem. Vaidoso, confesso-me. Descomplicado, assumo. Vestir e calçar, desde miúdo, foi sempre algo que me deu prazer, em busca do conforto. Vestir uma camisola nova, de inverno, sentir o abraço da lã. No verão as sapatilhas novas, as camisas finas. A roupa feita pela mãe. Não havia abundância. Havia dignidade. Ainda hoje guardo roupa feita pela minha mãe... Para mim. Deu-me pele várias vezes.É só roupa. Mas sabe bem... É um estado de espírito que se projeta na cor, na forma, no tamanho, na história que a peça tem. Sou daqueles que tem uma peça anos... Guardo as primeiras calças de ganga que comprei com o meu dinheiro. E vou dando roupa à medida que a peça me deixa de contar histórias... Para mim não há roupa antiga, há roupa carregada de momentos, que nenhuma lavagem tira. Mas há roupa nova... Aquela com zero quilómetros, zero vidas. Porque eu só o várias vidas no meu corpo. E pronto... Gosto de roupa e calçado, sem complicar, mas com a densidade suficiente de ter muito prazer em me vestir para sair. Sem complicar, sempre.
Hélder Reis
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