domingo, setembro 21, 2025

CALA-TE, POR FAVOR


 O silêncio. Aprendi desde muito novo o convívio com este estado de ser. Viver no seminário, exigia falar baixo, vários momentos de oração, em silêncio, retiros de semanas, em silêncio. Silêncio nos corredores, nos quartos. Era uma casa de silêncio. Assim vivi 12 anos. Impossível ser outra coisa que não um homem que gosta do silêncio. Acontece que a sociedade tem o culto do som, e das pessoas que não se calam. Todos sabemos que há gente que fala muito, obviamente ouve pouco, e claro que retém ainda menos. Chegam mesmo a cansar...é um facto. 

O pior lugar para se calar, é a nossa cabeça. E só saberão disto se fizerem silêncio. A cabeça produz medos, efervescências criativas a toda a hora, sonhos, expectativas, antecipa problemas que nunca irão acontecer, inventa cenários... enfim, a nossa cabeça é um teatro de Filipe La Féria. É muito difícil calar e sossegar a nossa mente, mas dando-lhe elevadas doses de silêncio vão ver que conseguem. Eu tenho dias horríveis, na minha cabeça, mas quando analiso bem, nem foram assim tão maus. 

O silêncio é organização mental, é nutrir a audição, o diálogo, as respostas inteligentes, a ponderação, a serenidade. Desconfiem sempre de uma pessoa que fala muito, ouve pouco, e adora falar de si. Sim, todos nós temos um pouco de tudo isto, mas há quem cultive ser assim, simplesmente. 

Para terminar, o silêncio como resposta. É um manjar de sabedoria, difícil, muito difícil, e nem sempre sabemos se é melhor calar ou falar. Contudo, o silêncio é sempre inebriador. Imaginem uma conversa essencial para nós, o outro lado não está nem aí para a nossa inquietação, ainda por cima lança-nos perguntas que nos fazem suspeitar que a conversa não vai levar a lado nenhum. Or, experimentem não responder, só um delicado pois... e... silêncio. Depois dessa conversa, uma caminhada, em silêncio, e não permitir que a nossa cabeça elabore as respostas que não demos. Fácil? NADA. Possível, muito!!!

Em casa, no carro, no trabalho, no desporto... vão experimentando fazer silêncio, comecem aos bocadinhos, vão ver que a vossa vida agradece. Digo-vos isto como fiel aprendiz da arte do silêncio.


Abraço

Hélder